Senador do Ceará chegou a fazer sua inscrição na disputa presidencial interna, mas saída a favor do gaúcho era certa
Num movimento esperado por membros do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) vai desistir de sua pré-candidatura à Presidência da República para apoiar o governador Eduardo Leite (RS) nas prévias do partido. Os dois farão o anúncio de forma conjunta na tarde desta terça-feira (28), em Brasília.
As prévias tucanas, marcadas para 21 de novembro, estão concentradas em Leite e no governador João Doria (SP), ambos fazem campanha pelos estados e travam uma corrida apertada até agora. O ex-prefeito de Manaus Arthur Vírgilio também é pré-candidato, mas tem menos chances e, na visão de tucanos, pode desistir antes do final.
Apesar de Tasso ter feito sua inscrição nas prévias na semana passada, sua desistência era tida como certa. Ele e Leite são aliados de longa data e vinham discutindo juntos as estratégias nas prévias.
O senador foi estimulado por alas do partido a concorrer por ser um nome considerado de consenso, mas questões de saúde pesaram contra. Aos 72 anos, Tasso não chegou a viajar para fazer campanha nas prévias e manteve seu isolamento social em Fortaleza.
Com o apoio de Tasso, Leite cresce no Ceará e em outros estados do Nordeste, além de ter conquistado Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. Doria, por sua vez, é favorito em São Paulo, estado com maior número de parlamentares e filiados do PSDB. Também fechou apoio de Tocantins, Distrito Federal e Pará.
Já Leite afirmou não querer fomentar a polarização e adotou tom moderado, embora também tenha criticado o petista e o presidente.
O cenário de concorrência apertada entre eles aparece refletido na pesquisa Datafolha deste mês. Tanto Doria quanto Leite marcam 4% das intenções de voto –bastante atrás de Lula (com 44%) e de Bolsonaro (com 26%). Em cenários variados, Doria chega a 6%.
O gaúcho, que é menos conhecido da população, leva vantagem no índice de rejeição, que é de 18%, contra 37% de Doria.
Em abril, Tasso, que foi presidente do PSDB e governador do Ceará por três mandatos, chegou a ser descrito por líderes tucanos como Biden brasileiro, numa referência ao presidente americano Joe Biden. A ideia era que, como candidato do partido à Presidência da República, ele aglutinasse apoios da esquerda e da direita, aliando experiência e visão progressista.
Da parte de aliados de Doria, porém, a real candidatura de Tasso e sua disposição em concorrer sempre foram desacreditadas. O governador chegou a anunciar, no mês passado, no programa Roda Viva, que Tasso já havia até desistido —o avanço de sinal gerou mal-estar no partido.
No PSDB, a avaliação é a de que Leite reúne maior simpatia entre membros do partido, mas Doria tem diminuído a desvantagem ao trabalhar de forma mais intensa que o adversário numa campanha interna para superar a rejeição.
Além disso, o paulista tem a seu favor a estrutura e o peso da máquina do Palácio dos Bandeirantes. Em contrapartida, Leite é apontado como o que mais tem capacidade de congregar partidos aliados, enquanto Doria poderia levar o PSDB ao isolamento.
REGRAS DAS PRÉVIAS DO PSDB
Colégio eleitoral de quatro grupos, com 25% de peso cada
- filiados
- prefeitos e vice-prefeitos
- vereadores, deputados estaduais e distritais
- governadores, vice-governadores, deputados federais, senadores, ex-presidentes do PSDB e o atual
Datas
- 20.set – inscrição dos candidatos
- 18.out – início dos debates
- 21.nov – primeiro turno
- 28.nov – segundo turno
Fonte: folha.uol.com.br