É comum que as pessoas confundam transtornos psicológicos com costumes banais. Um exemplo está em pessoas que se importam com organização, limpeza, perfeccionistas serem confundidas com alguém que sofre de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Por que isso ocorre? Qual a diferença entre uma pessoa que tem TOC e uma que é apenas preocupada com organização e limpeza? Quando manias devem preocupar e podem ser consideradas como um problema de saúde mental? Quais são os sinais? O excesso de preocupação com a organização pode ser sinal de ansiedade? E a desorganização pode ter efeitos negativos em quem já sofre com a ansiedade?
Saiba essas e outras respostas nas explicações do psicólogo da rede Hapvida, Carol Costa Júnior.
Organização e desorganização: excesso são sinais de alerta para a saúde mental
É comum pessoas que sofrem de ansiedade ter que lidar com a desorganização e bagunça do espaço quando a sua ansiedade está no auge. Os casos de pessoas que se veem em um labirinto em meio a desordem são comuns, porque ansiedade e desordem frequentemente andam juntas. Estudo publicado no Boletim de Personalidade e Psicologia Social concluiu que a confusão às vezes se traduz em um sentimento de depressão, especialmente se outras pessoas comentarem a bagunça. A desordem muitas vezes significa que há muitos estímulos em seu ambiente, o que por sua vez, torna difícil se concentrar.
O problema central, segundo profissionais da saúde, não é a desordem em si, mas como a pessoa reage à situação. Se a desordem é paralisante e impede as pessoas de realizar atividades corriqueiras precisa de investigação profissional, pois pode existir tanto um quadro de transtorno obsessivo compulsivo grave como um caso de ansiedade que precisam ser tratados.
Segundo o psicólogo do Sistema Hapvida Carol Costa Júnior, a desorganização pode ser indicador até de uma depressão. “A pessoa fica muito largada, não se preocupa com as coisas, muito jogado, começa a inclusive a não prestar atenção na própria higiene pessoal. Desorganizado com si próprio, com questões de horário, com as relações interpessoais, aí talvez sim, seja um comportamento patológico no sentido de que as coisas não estão indo bem”, explica
O especialista explica ainda que é importante essa percepção por parte dos pais no caso das crianças e dos adolescentes, dos amigos para que o apoio se faça efetivo. “Perceber, tentar chegar nessa pessoa da melhor forma possível para que essa pessoa busque ajuda”, acrescenta.
Excessos devem ser investigados
Seja na organização ou na desorganização, o equilíbrio, segundo o psicólogo, é chave na identificação do problema. Desorganização demais e obsessão por organização não são bons sinais. “O excesso na busca dessa organização também é indicativo de ansiedade. Então você começa a transferir aquela angústia para uma atividade e essa atividade pode ser a busca da organização. Lembrando que há um estado natural onde nós buscamos organizar o ambiente, mas quando isso se torna obsessão já se torna um comportamento patológico. Se você apresenta em excesso determinado comportamento já é um sinal. Então há um desequilíbrio, já é o indicativo de algo que esteja acontecendo”, afirma. Além de buscar ajuda profissional é possível tomar algumas atitudes que podem ajudar com o problema:
Analise como a confusão lhe prejudica
Pensar em como, especificamente, a desordem está interferindo nas atividades e objetivos. Diminui o seu espaço? Interfere que encontre objetos importantes? É importante ter o seu espaço arrumado para se sentir bem no local? Assim será possível concentrar os esforços na organização do espaço correto pelos motivos certos.
Peça ajuda
Pode parecer bobagem pedir ajuda para se organizar, mas não é. Pelo contrário, é recomendado por profissionais que o problema seja dividido com alguém. Na falta de um profissional procure ler sobre o tema e pôr em prática as orientações de artigos confiáveis.
Um passo por vez
Não tentar fazer tudo de uma vez e ir ultrapassando etapas. Começar por pequenos passos como escolher uma área menor para organizar. Se você se sentir ansioso enquanto está em meio a organização, tente fazê-lo em intervalos curtos de tempo, seja 15 minutos por dia, ou 1 hora, uma vez por semana, ou melhor, o que funcionar para sua programação. Expandir lentamente a duração das sessões de organização.
Fonte: ASCOM