Nelson Piquet se pronunciou após um vídeo em que chama de Lewis Hamilton de “neguinho” viralizar e chegar no alto escalação da Fórmula 1. Em comunicado, o brasileiro minimizou o uso do termo, dizendo que a expressão de cunho racista é sinônimo de “cara” ou “pessoa”. Apesar disso, o tricampeão do mundo pediu desculpas ao atual piloto da Mercedes. “O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e foi nunca teve a intenção de ofender. Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele”, escreveu.
Apesar de vir à tona apenas no início desta semana, a fala de Nelson Piquet ocorreu no ano passado, quando o ex-piloto comentava um acidente envolvendo o heptacampeão com Max Verstappen, durante o Grande Prêmio de Silverstone, na Inglaterra. Com a repercussão do caso, Hamilton usou as redes sociais para rebater o brasileiro. “Vamos focar em mudar a mentalidade”, publicou em português, antes de completar em inglês. “É mais do que a linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não tem mais lugar em nosso esporte. Fui cercado dessas atitudes e alvo durante toda minha vida. Já houve muito tempo para aprender. O tempo para ação chegou”. O britânico ainda ironizou o brasileiro ao compartilhar postagem de fã que disse que ele deveria perguntar quem era Nelson Piquet.
Veio a público entrevista em que Nélson Piquet, em novembro do ano passado, usa expressão racista para se referir a Lewis Hamilton — “neguinho”. Gostei da reação de um internauta? Quem é Piquet perto de Hamilton? Hoje não passa de chofer de jumento”. pic.twitter.com/wTKHvdHSBa
— Joaquim de Carvalho (@joaquimmonstrao) June 26, 2022
Além do próprio Hamilton, a fala de Piquet também foi rebatida pela Mercedes, equipe pela qual o heptacampeão corre, pela Fórmula 1 e pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA). “A FIA condena fortemente qualquer linguagem ou comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade. Expressamos nossa solidariedade com Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu comprometimento com a igualdade, diversidade e inclusão nos esportes a motor”, escreveu a entidade que comanda o automobilismo no mundo. A Mercedes também ressaltou a luta de Hamilton. “Lewis lidera os esforços no nosso esporte para combater o racismo, e é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, nós compartilhamos a visão para esportes a motor diversos e inclusivos, e esse incidente ressalta a importância fundamental de continuar a lutar por um futuro mais brilhante”, declarou a escuderia.
Leia o comunicado de Nelson Pique na íntegra:
“Gostaria de esclarecer as histórias que circulam na mídia sobre um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado.
O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e foi nunca teve a intenção de ofender.
Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele.
Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”.
Fonte: UOL