Lula é o 1º a ganhar 3 vezes eleição para presidente do Brasil

Aos 77 anos, petista será também a pessoa mais velha a assumir o cargo máximo do país

SÃO PAULO – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o primeiro nome da história da República brasileira, prestes a completar 133 anos, a ser eleito três vezes para a Presidência por meio do voto popular. O pernambucano venceu a disputa pelo Palácio do Planalto em 2002, em 2006 e agora em 2022.

Getúlio Vargas ocupou o cargo mais importante do país por quase 20 anos: de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Nenhum outro político governou por tanto tempo quanto o líder gaúcho, marca que dificilmente será superada. Mas Getúlio só foi escolhido pelo voto direto popular uma vez, em outubro de 1950. Nas demais ocasiões, ascendeu ao poder por meio de golpes (1930 e 1937) ou pelas mãos do Congresso (1934).

No período conhecido como Nova República, após a ditadura militar, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito duas vezes, em 1994 e em 1998, assim como Dilma Rousseff (PT), em 2010 e em 2014.

“Não há dúvida de que, nestas circunstâncias, só Lula seria capaz de vencer Bolsonaro”, diz João Roberto Martins Filho, professor titular do departamento de ciências sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). “Essa frente democrática, que vai além do PT, funcionou. E precisará continuar funcionando.”

Trajetória de Lula

Para Rodrigo Patto Sá Motta, professor titular de história do Brasil da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o resultado deste segundo turno “é um marco fundamental da manutenção das instituições democráticas e republicanas, que têm a Constituição de 1988 como um momento importante”.

São três as vitórias de Lula para a Presidência, mesmo número de derrotas, curiosamente. Na sua primeira corrida ao Planalto, em 1989, o petista perdeu para Collor. Em 1994, foi derrotado por FHC, que havia sido ministro da Fazenda de Itamar Franco, cargo no qual lançou o bem-sucedido Plano Real. Em 1998, o tucano, que apoiou o petista neste segundo turno de 2022, voltou a superá-lo.

Outra curiosidade: com 77 anos recém-completados, Lula é a pessoa mais velha a se tornar presidente. A marca pertencia a Michel Temer (MDB), que assumiu o poder com 75 anos, em 2016.

Mais de 70 anos atrás, porém, seria chamado de doido ou coisa pior quem dissesse que o menino cujo registro de nascimento foi feito em 27 de outubro de 1945 chegaria ao posto máximo da República.

Penúltimo dos oito filhos de Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindu, e Aristides Inácio da Silva, ele vivia numa casa de chão batido, de um quarto, em um sítio em Caetés, um distrito de Garanhuns àquela altura.

No final de 1952, Lindu e os filhos pegaram um pau de arara rumo a Santos para reencontrar Aristides, que tinha uma segunda família na cidade do litoral paulista. Passado pouco tempo, a mãe e as crianças se afastaram de Aristides, homem violento com quem Lula nunca teve boa relação.

Criou-se o sofisma de que o Lula quer dividir o Brasil entre ricos e pobres. Não, eu não quero dividir. Já nasci com ele dividido. E, lamentavelmente, do lado dos pobres. Vim da senzala

Na adolescência, em São Paulo, fez o curso profissionalizante de torneiro mecânico e começou a trabalhar como metalúrgico. Sofreu um acidente nessa época, no turno da madrugada na fábrica Independência.

“Já eram 3h, e o prensista soltou o braço da prensa. Tentei tirar a mão, mas pegou o dedinho e amassou”, lembrou no programa de Jô Soares, na Globo. Costumava andar com a mão fechada, com vergonha.

Lula resistiu inicialmente a ingressar no sindicalismo, a primeira etapa da sua carreira política. No entanto, foi tamanha a insistência de seu irmão Frei Chico que ele aceitou, com apenas 23 anos, virar suplente da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

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