Varicela-zóster é reativado quando o paciente tem queda na imunidade e pode provocar condições diferentes que atrapalham qualidade de vida
Uma vez infectado pelo varicela-zóster, o paciente o carregará para sempre no organismo. A primeira manifestação do vírus é a catapora, e mesmo que os sintomas da doença já tenham desaparecido, o varicela permanece adormecido nos nervos.
Anos após a primeira infecção, o vírus pode ressurgir, com consequências ainda piores. Foi o caso de Fernanda Keulla, que precisou ser internada às pressas depois de sentir dores que classificou como “insuportáveis” na semana passada.
Até mesmo o cantor Justin Bieber já foi vítima da manifestação posterior da varicela-zóster. Há alguns meses, ele cancelou shows de sua turnê depois que metade do seu rosto ficou paralisado em decorrência da infecção.
O que é a varicela-zóster?
O vírus varicela-zóster, ou VVZ, é um dos oito vírus da herpes conhecidos por infectar os seres humanos. Ele atinge os nervos e causa uma variedade de sintomas, dependendo de seu estágio de desenvolvimento.
Segundo o infectologista Alexandre Naime Barbosa, que também é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), após a primeira infecção, ele entra em estado dormente na medula e é reativado sempre que o paciente tem queda na imunidade.
Quais doenças são causadas pela varicela?
A catapora é a primeira manifestação da varicela-zóster no organismo. Seu principal sintoma é o surgimento de centenas de bolhas na pele, que coçam bastante. Essa é, também, uma doença altamente contagiosa do vírus e mais comum em crianças.
Uma vez passado os sintomas, o vírus entra em estado dormente no organismo da pessoa infectada e pode ficar anos sem se manifestar. Até que, porventura, o indivíduo sofre queda na imunidade.
Essa é a oportunidade que o vírus encontra para despertar e causar, dessa vez, a doença herpes-zóster, também conhecida como “comichão”. O nome popular é decorrente da irritação na pele que pode aparecer como uma faixa de bolhas dolorosa.
As crises podem acontecer diversas vezes durante a vida da pessoa infectada. O estresse em pessoas saudáveis costuma ser um dos maiores fatores de risco.
“Tem paciente que tem quatro ou cinco vezes por ano. Depende do fator de imunosupressão”, alerta o infectologista.
Há ainda a Síndrome de Ramsay Hunt, que se manifesta quando há inflamação dos nervos da face. Nesses pacientes, o vírus causa paralisia facial parcial, além de dores.
Mesmo com todos os riscos, o Barbosa deixa claro que as doenças causadas pela varicela não são regra. Ou seja, nem toda criança que pegou catapora será um adulto que desenvolverá herpes-zóster, por exemplo. Segundo Barbosa, cerca de apenas 15% do total de infectados com o vírus dormente desenvolvem a condição posteriormente.
Os tratamentos são feitos de maneiras semelhantes para todas as manifestações: com antivirais, corticoides, anti-inflamatórios e vitaminas, se necessário. É importante que seja feitos com urgência, já que a doença pode se desenvolver ainda mais e deixar sequelas.
Quais são as sequelas da varicela?
Por causa das lesões que provoca, as doenças causadas pela varicela podem causar uma condição chamada neuralgia pós-herpética, se não for tratada logo. Nesse caso, os nervos inflamam e fazem com que as dores permaneçam, mesmo após o tratamento da doença.
“As lesões já secaram, mas a dor persiste. Tem casos que persistem ao longo de seis meses a um ano”, explica o infectologista Alexandre Naime Barbosa.
O tratamento também é feito com anti-inflamatórios, corticoides e analgésicos para a dor. No entanto, há casos extremos em que a dor é tanta que remédios mais potentes precisam ser administrados, segundo Barbosa. “A dor é tão forte que é preciso, em alguns casos, usar até morfina”, acrescenta.
Como se proteger da varicela?
A vacina contra a catapora é a melhor forma de se proteger do vírus varicela. A primeira dose é oferecida para bebês com um ano, enquanto a segunda é destinada a bebês entre 15 meses e 24 meses de idade. O intervalo mínimo entre as doses deve ser de três meses.
Além dessa, também foi lançada em junho, no Brasil, uma nova vacina contra o herpes-zóster. Desde então está disponível em clínicas particulares do País. O imunizante deve ser administrado em duas doses, com intervalo de dois meses entre as aplicações.
Essa nova vacina é indicada para pessoas com mais de 50 anos e pacientes imunossuprimidos a partir dos 18 anos.
“É uma vacina que relembra ao sistema imunológico que, um dia, aquela pessoa teve catapora. Assim, estimula a produção de anticorpos novamente”, explica Barbosa.
Fonte: folha.uol.com.br