Nesta quinta-feira, 5, o programa Pânico recebeu Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial. Em entrevista, ele, que recentemente participou de manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro, disse que começou a perder muitos seguidores após opinar politicamente nas redes sociais.”Sou massacrado e também amado pelas coisas que eu escrevo. Quando começou a subir o tom com as ameaças à democracia brasileira, comecei a escrever regularmente, a cada vez que eu escrevia um monte de gente parava de me seguir. É preciso manter as instituições de pé. É necessário, é importante olhar para trás e ver o que você fez nessa encruzilhada da democracia.”
Apesar de ser conhecido por músicas críticas à política brasileira, Dinho afirmou que não desfaz amizades por posicionamentos divergentes e que também não concorda com o cancelamento de artistas do rock. “Não concordo com vários colegas meus, mas eles são meus amigos. Eu gosto de ser livre pra criticar a todos e a tudo. Não gosto da camisa de força partidária, eu vejo meus colegas brigando, me oponho a muita coisa que está acontecendo. Você é um cidadão brasileiro, você tem suas opiniões. O Eric Clapton se recusou a tomar a vacina, por isso vamos excluir todas as músicas que ele já fez? O Roger Waters por exemplo, às vezes ele exagera, às vezes ele passa do ponto.”
O artista ainda relembrou a época de ouro do rock brasileiro, da qual fez parte com Renato Russo e outros nomes. Para ele, a morte precoce de artistas fez com que o gênero ficasse esquecido no Brasil. “Era o momento que o Brasil estava fervilhando, o fim do regime, a proximidade com o poder. Às vezes a gente chegava a ir para o Congresso fazer uma pressão. A gente achava que o que estávamos fazendo era subversivo e acelerava a queda do regime militar. Havia naquele momento um maniqueísmo, era muito claro quem era o inimigo. O inimigo era o regime militar. Eu via no Cazuza e no Renato Russo uma genialidade. Os maiores nomes ficaram pelo caminho, o que prejudicou o rock inteiro. Imagina se isso tivesse acontecido no MPB e no pagode? Os maiores nomes partindo tão cedo. São nomes insubstituíveis. Não apareceu ninguém a altura, ficou um vazio que foi preenchido por outros gêneros.”