Sinais de alerta envolvem uso excessivo, dificuldade de finalizar obrigações e problemas de sono
“As famílias precisam levar isso a sério”, diz Gary Small, chefe de psiquiatria do Centro Médico da Universidade Hackensack. Mas ele acrescenta que o uso de redes sociais por adolescentes não é inerentemente bom ou ruim. Em vez disso, os pais precisam examinar de perto como isso afeta seus filhos e se está melhorando suas vidas ou prejudicando sua capacidade de “funcionar na vida e aprender”.
Perguntamos a Small e outros especialistas em desenvolvimento de adolescentes algumas coisas práticas que os pais devem considerar ao avaliar o uso de redes sociais por seus filhos.
MEU FILHO PARTICIPA DE ATIVIDADES VARIADAS TODOS OS DIAS?
Essa pergunta pode ser um ponto de partida útil, afirma Jenny Radesky, codiretora médica do Centro de Excelência em Rede Social e Saúde Mental Juvenil da Academia Americana de Pediatria. Seu filho ama ou sente prazer em outras atividades diárias, incluindo algumas fora do mundo virtual?
Além disso, considere se a rede social é o principal canal emocional de seu filho, afirma Radesky: “Se é a principal coisa para ajudar as crianças a se sentirem melhor se tiveram um dia estressante ou precisam dar uma escapada”. Nesse caso, pode ser um sinal de alerta de que você precisa os ajudar a encontrar outras estratégias para lidar com isso, seja passear, brincar com um animal de estimação, ler um livro ou qualquer outra coisa.
Veja quais são as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre uso de telas 
QUANTAS HORAS POR DIA MEU FILHO USA REDES SOCIAIS?
Não há um limite claro e baseado em evidências científicas de quanto uso de rede social é demais para pré-adolescentes e adolescentes, e as opiniões dos especialistas divergem. Mas o tempo é importante, pontua Anne Marie Albano, codiretora clínica do Centro para Saúde Mental de Jovens do NewYork-Presbyterian, e os pais devem ter uma noção clara de quanto seus filhos estão online todos os dias.
Koplewicz diz que tende a usar uma referência de não mais de quatro horas de tempo total de tela por dia para adolescentes, enquanto Albano frequentemente recomenda que as famílias estabeleçam uma proporção de três a cinco horas de socialização pessoal ou atividades individuais para cada hora que um adolescente passa nas redes sociais.
Os adultos também devem dar uma olhada em seus próprios hábitos de tela, indica Small. Os pais podem ser multitarefas ou passar muito tempo em seus dispositivos perto dos filhos. “Mas eles podem ser modelos para seus filhos de como ter tempo offline e como isso é importante”, afirma ele.
HÁ DIFICULDADE EM INTERROMPER O USO?
Crianças de todas as idades tendem a ficar infelizes quando o tempo de tela acaba, diz Albano, e algum nível de mau humor ou choramingo é esperado.
“Mas se você está vendo lágrimas, se está vendo raiva, se eles estão gritando com você –e se isso for persistente”, pode ser um sinal de alerta em potencial, aponta.
Parar é uma habilidade que os pais podem ensinar, indica Radesky. Ela faz com que seus próprios filhos usem um cronômetro de cozinha para indicar quando o tempo de tela acabou. Se eles pararem sem que ela tenha que importuná-los, eles receberão o mesmo tempo de tela no dia seguinte. Se não, receberão menos.
AS REDES AFETAM SEU SONO OU SÃO UMA BARREIRA PARA CONCLUIR OBRIGAÇÕES?
Todos os especialistas entrevistados enfatizaram a importância do sono para pré-adolescentes e adolescentes, e disseram que os pais devem considerar se a rede social está fazendo com que fiquem acordados até tarde. Estabelecer algumas regras familiares, como manter todos os aparelhos fora do quarto durante a noite, pode ajudar.
Os pais também devem ficar atentos para saber se o uso da rede social está atrapalhando os trabalhos escolares ou contribuindo para mudanças de humor ou apetite, o que pode sinalizar angústia. (Pode ser útil verificar alguns dos sinais de depressão na adolescência. )
Jessi Gold, professora assistente do departamento de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade Washington em St. Louis, sugere que os pais iniciem uma conversa aberta e sem julgamentos com os adolescentes sobre os impactos da rede social e como “ela pode afetar seu sono e humor, sua concentração e a autoestima”.
“A rede social existe e não vai desaparecer”, afirma Gold. “Portanto, a resposta não pode ser abordar seu filho adolescente dizendo: ‘Eles disseram que isso faz mal para a sua saúde mental, então estou removendo todas as suas telas'”.
Fonte: folha.uol.com.br
