Como 40% da força de trabalho do Brasil, os moradores dessas comunidades tendem a trabalhar no setor informal
“Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come”, dizia o slogan do filme, que hoje pode ser aplicado aos desafios que seus habitantes encaram por conta da COVID-19.
Como 40% da força de trabalho do Brasil, os moradores dessas comunidades carentes tendem a trabalhar no setor informal, o tipo de emprego que se torna impossível em um período em que uma das medidas mais eficazes para retardar a propagação do novo coronavírus é o isolamento social.
“Muitas pessoas trabalham por conta própria, trabalham como cabeleireiro, manicure, catador de latinha, guardador de carro, pessoas que trabalham na praia”, diz Samantha Messiades, fundadora da organização não-governamental (ONG) Ligação Cultural.
“Todas essas pessoas perderam sua renda. E elas precisam urgentemente de ajuda”, diz, usando uma máscara rosa enquanto observa os voluntários distribuírem comida a moradores carentes.
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O Rio de Janeiro é uma sombra de si mesmo sob medidas de isolamento de coronavírus. Um silêncio domina suas ruas geralmente congestionadas, após as autoridades determinarem o fechamento de atividades econômicas não essenciais. Suas praias e atrações turísticas também estão interditadas. Isso significa tempos difíceis para os moradores de áreas carentes.
Messiades, originalmente, criou sua ONG para levar música, teatro, dança e outras oportunidades culturais para as crianças na Cidade de Deus. Mas agora ela assumiu também a missão de garantir a alimentação para os mais necessitados sobreviverem à crise do coronavírus.
“Isso é muito importante e valioso para as pessoas daqui”, diz Mánica Oliveira da Silva, uma faxineira entre os que esperam em uma fila longa, com as pessoas próximas umas as outras, muitas com bebês e crianças pequenas.
Os moradores das favelas também vivem com medo da destruição que um grande surto poderia trazer para suas comunidades superpovoadas e mal atendidas pelo poder público.
Em uma rua fora do centro comunitário onde os trabalhadores distribuíam caixas de comida, uma faixa dizia: “300.000 casos em todo o mundo, 15.000 mortes por causa do coronavírus. Fique em casa e salve vidas”.