Datafolha: 73% dizem que há corrupção no governo Bolsonaro

Para brasileiros, saúde, economia, miséria, educação e violência são principais problemas

SÃO PAULO – A percepção de que há corrupção na gestão Jair Bolsonaro (PL) é disseminada: 73% dos brasileiros acreditam que ela ocorre no governo federal. Mas ela é vista como um problema nacional secundário, em comparação com a saúde, temas econômicos, a miséria, a educação e a violência urbana.

O quadro é desenhado na mais recente pesquisa nacional do Datafolha, realizada na quarta (27) e quinta (28), contratada pela Folha. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Nela, o presidente está em segundo lugar na corrida pela sua sucessão, com 28% das intenções de voto no primeiro turno, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem 47%.

Acreditam que não há corrupção, por sua vez, 19% dos 2.556 ouvidos em 183 cidades. Outros 8% disseram não saber responder. Há dois meses, as proporções eram algo semelhantes: 70% viam atos corruptos, 23% não e 7%, não sabiam dizer.

A ideia de que há corrupção é mais aguda entre os mais jovens, 86% e, como seria previsível, entre quem reprova o governo (94%). Neste levantamento, Bolsonaro tem 47% de avaliação ruim ou péssima, ante 28% de aprovação.

Acham mais que não existe o problema os eleitores do presidente (49%) e os que aprovam sua gestão (51%), uma obviedade e também uma curiosidade, dado que é apenas metade de cada contingente.

​​O combate à corrupção foi um tema central da campanha de Bolsonaro em 2018, quando ele se apresentava como um herdeiro das práticas da Operação Lava Jato, que desmontara o arcabouço político tradicional ao revelar irregularidades envolvendo partidos, estatais e o setor privado, principalmente nos anos do PT no poder (2003-16).

Eleito, Bolsonaro trouxe o juiz-símbolo da operação iniciada em 2014, Sergio Moro, para ser seu ministro da Justiça e Segurança Pública.

Deu no que deu: em um ano, Moro sairia atirando do governo, e agora viu sua pretensão de disputar a eleição tolhida, tendo de se contentar a disputar uma vaga paranaense no Senado pelo União Brasil —partido nascido da fusão do PSL que elegeu e rompeu com Bolsonaro e o DEM, um ícone da “velha política” que a Lava Jato atacava.

Com apoio da Procuradoria-Geral da República aliada a Bolsonaro, a Lava Jato foi enterrada. Seus excessos, punidos no Supremo Tribunal Federal, com a anulação do processo que levou Lula à cadeia devido à suspeição declarada de Moro.

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