Fala condiz com o relatado à Polícia Federal por Sérgio Moro, ex-ministro que aponta tentativa de interferência de Bolsonaro na corporação
O presidente nega que o desejo de troca de comando tenha sido feito com esses propósitos, e diz ter usado apenas de sua prerrogativa presidencial de determinação de cargos, mesmo sem motivos aparentes para tal.
Valeixo, homem de confiança de Moro, foi substituído por Alexandre Ramagem, que depois foi impedido de assumir e voltou ao seu cargo na ABIN (Agência Brasileira de Inteligência). Todo este movimento acabou virando uma investigação conduzida pela PGR, com autorização do decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, que visa apurar as acusações de Moro e os interesses da família Bolsonaro em operações sigilosas, em especial no Rio de Janeiro e em Pernambuco, segundo afirma o ex-ministro.
Nesta segunda, Ramagem e o ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, também depuseram à PF em Brasília. Além deles, os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) e Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), além da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), também devem falar nesta semana com a PF.
Na terça-feira 12, haverá ainda a exibição da gravação de uma reunião interministerial apontada por Moro como uma das provas de que Bolsonaro lhe ameaçou de demissão caso não houvesse a troca na PF. O ministro Celso de Mello autorizou que Augusto Aras, Sérgio Moro, o advogado-geral da União, José Levi Mello, e procuradores do caso assistam, junto à delegada Christiane Corrêa, ao conteúdo do vídeo.
Caso seja apurado que o presidente visou intervir na independência da corporação, a Câmara dos Deputados precisaria analisar as provas e autorizar um afastamento imediato de Bolsonaro do poder.